Os preços do trigo fecharam em alta com a afirmação da Rússia de que não renovará o acordo de liberação de exportações pelo corredor de grãos do Mar Negro, que vence no próximo mês. De acordo com o analista sênior da Consultoria TF Agroeconômica, Luiz Pacheco, esse fator está lançando temores sobre oferta de mundial de trigo.

Por sua vez, a Argentina lançou “alerta laranja” sobre suas áreas de produção de trigo devido a seca total: a falta de água já atinge todas as áreas produtivas do país: “Os mapas elaborados pelo Escritório de Riscos Agropecuários (ORA) mostram uma espécie de alerta laranja, sobre o teor de água no primeiro metro de solo, pelo qual passa a produção agrícola argentina, no quadro de um déficit pluviométrico que não diminui”, afirma o especialista.

De acordo com Pacheco, o fenômeno climático La Niña ameaça derrubar a safra de trigo e também reduzir com força o plantio de milho precoce, enquanto a soja e o milho tardio estão esperando. No último mapa, correspondente a 10 de outubro, todas as áreas produtoras de trigo do país aparecem no “alerta laranja”, com exceção de um pequeno número de hectares em Entre Ríos e alguns outros em Buenos Aires, onde a condição ainda é escassa reservas.

 

A Bolsa de Cereales de Buenos Aires (BCBA) divulgou que a parcela da safra em condição boa ou excelente recuou de 14% para 9% na semana. Outros 53% apresentavam condição regular/ruim, ante 46% na semana anterior. A expectativa é de produção de trigo de 16,5 milhões de toneladas, recuo de 5,7% ante estimativa anterior e de 26,3% ante os 22,4 milhões de toneladas da temporada 2021/22. Também é menor que a estimativa de 17,5 milhões de toneladas do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

De acordo com a Consultoria AgResource Brasil, a Rússia propõe um afrouxamento das sanções em troca de uma extensão do corredor de exportação de grãos do Mar Negro. “Por enquanto, o corredor está operacionalizando e as exportações de trigo russo e milho ucraniano aceleraram”, ressalta a AgResource ao afirmar que mantém uma “perspectiva neutra em relação ao preço de 9,20 dólares por bushel no trigo de Chicago e 10 dólares no trigo KC (do Kansas)”.

 

“Para elevar os preços do contrato de dezembro de Chicago acima de 10 dólares por bushel, é necessário que haja um receio sobre o fechamento total do Mar Negro. A paz russo-ucraniana é necessária para testar novamente 7,50 dólares. As vendas serão feitas em escala nos rallies em meio à incerteza política”, concluem os analistas da filial da empresa norte-americana AgResource Company.

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